Para aprender a circular pela universidade onde cursa o 5º ano de teologia, Kary Janaína Sales, 29 anos, passeou descalça pelo prédio, tateou as paredes e ficou amiga dos seguranças da instituição. Ela precisou, ainda, superar a falta de estrutura da faculdade para recebê-la.

Hoje, totalmente inserida na rotina de um universitário comum, ela comemora e se tornou funcionária da própria entidade. No entanto, a situação de Kary não representa a realidade de todos os 6,8 mil estudantes portadores de deficiência, matriculados em instituições de ensino superior no Brasil.

O dado é do Ministério da Educação (MEC). Para que mais pessoas com deficiência consigam fazer parte da rotina de uma sociedade, o Conselho Nacional dos Direitos da Pessoa Portadora de Deficiência (Conade) organiza diversas ações nesta segunda -feira (21), Dia Nacional de Luta das Pessoas com Deficiência.

Ao lado de outras entidades que lutam pela acessibilidade dos deficientes, estão programados eventos em todo o país com os temas cidadania e acessibilidade para todos.

Inclusão social

Quando entrou na Universidade Metodista de São Paulo, em São Bernardo do Campo, na região metropolitana de São Paulo, Kary não tinha acesso aos livros do seu curso por falta de material adaptado. Hoje, a estudante, que é cega de nascimento, é funcionária da biblioteca digital para pessoas com deficiência visual.

Os livros são digitalizados e disponibilizados para que os alunos ouçam o conteúdo. "Quando eu cheguei, os professores não estavam preparados para me receber. Eles ficaram um pouco perdidos porque ainda não tinham convivido com cegos. Mas, nas escolas, a literatura sempre é o maior problema", diz Kary, que veio sozinha de Rondonópolis (MT).